terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Capítulo Um

As lágrimas que começavam a se formar e embaçavam meus olhos de repente passaram a impedir que eu tivesse uma visão limpa do caminho à minha frente, mas eu não podia parar de correr. Minhas pernas pareciam enfraquecer a cada novo desvio necessário para fugir daqueles brutamontes armados até os dentes, e eu sabia que uma hora ou outra chegaria ao fim da linha. E então seria também o meu fim.

Arrisquei uma olhada rápida para trás no meio de tamanha correria e desespero. Talvez eu tivesse que ser egoísta e pensar apenas em minha sobrevivência, mas o caso é que eu nunca fora assim. Todos os meus sentidos me alertavam que Alexa e eles corriam tanto perigo quanto eu.

A primeira coisa que fui capaz de enxergar com nitidez quando meus olhos encontraram foco foi a menina loira que há poucos dias ainda era desconhecida por mim. Ela corria o máximo que suas pernas a permitiam, e as lágrimas rolavam por seu rosto com a mesma ou maior velocidade que desciam pelo meu. E então meus olhos vacilaram para eles. Corriam quase lado a lado, poucos metros depois de Alexa. E foi aí que eu vi.

Um dos quatro ou cinco caras – eu não era capaz de conta-los com exatidão – apontava sua arma diretamente para um dos meninos. Meus olhos pareciam querer saltar das órbitas, tamanha expressão de pavor que tomava minhas feições. E então eu gritei. O único som capaz de ser emitido por minhas cordas vocais naquele momento foi seu nome, e eu rezava em silêncio para que ele entendesse o sentido e a urgência do que saiu de minha boca.

- NATHAN!

Após meu berro, fui obrigada a voltar minha atenção para onde corria. Bater em alguma coisa e cair, naquele momento, seria suicídio. Mas querendo ou não, eu me suicidei. O barulho alto feriu meus tímpanos com uma violência indescritível, fazendo-me parar de supetão. Meu coração parecia bater na garganta. Quando interrompi bruscamente minha correria, começou a tremedeira nos membros inferiores. Apertei os olhos e respirei fundo. Não, não, não. Não podia ser. Não podia ter acontecido.

Um disparo fora dado.


Dois dias antes, San Francisco, Califórnia

- Está pronta, Scarllet? – a voz de meu pai se fez ouvir do primeiro andar de nossa casa.

- Quase, pai – respondi de volta.

Chequei minha aparência pela sétima vez no pequeno espelho pendurado na parede do meu quarto, amassando delicadamente os cachos que meus cabelos sustentavam nas pontas a fim de dá-los um pouco mais de volume e movimento. Estava ótimo.

- Vamos? – perguntei assim que desci as escadas.

- Vamos – ele disse, sorrindo ao me ver. – Daqui a pouco estou de volta, querida – despediu-se de minha mãe e eu fiz o mesmo.

Do banco do carona, eu observava a cidade de San Francisco com certo brilho nos olhos. Naquele dia em especial, tudo parecia muito mais vivo para mim. O destino que eu e meu pai tínhamos, naquele momento, era o estádio no qual aconteceria o show de uma de minhas bandas favoritas. Ou meu sonho de consumo, chame como quiser.

Quando chegamos, peguei meu lugar na fila – que já estava consideravelmente grande. Meu pai perguntou mil e uma coisas e deu-me mais mil e uma recomendações, antes de despedir-se com um beijo estalado em minha bochecha e prometer que estaria lá para me buscar quando o show terminasse.

Depois de três horas e meia em pé, suspirei de alívio quando minha mente assimilou a informação de que faltavam apenas trinta minutos para os portões abrirem. Minha segunda e última garrafa d’água já estava quase chegando ao fim, e eu não era ninguém sem água. A falta de companhia também era um fator que pesava, e muito, para minha falta de paciência em permanecer naquela fila. Eu nunca tivera muitas amigas, e as poucas que tinha sustentavam um gosto musical extremamente distinto do meu.

Deus, parecendo escutar minhas orações silenciosas, enviou-me um anjo para me distrair até a hora em que a entrada do público finalmente fosse permitida. Uma menina loira, assim como eu, e aparentemente também sem companhia estava a duas pessoas à minha frente na fila, e virava-se de minuto em minuto para espiar-me pelo canto dos olhos verdes. Em determinado momento, ela deixou que as duas adolescentes que nos separavam passasse à sua frente, e toda tímida foi falar comigo:

- Olá – ela sorriu simpática e eu sorri com a mesma simpatia. – Parece que esses minutos não passam nunca – ela revirou os olhos e sorriu mais uma vez.

- Verdade – foi o máximo que eu consegui falar, logo o silêncio tomou conta.

- A propósito, me chamo Alexa – a loira, que agora eu já sabia o nome quebrou o silêncio que já estava se tornando incômodo.

- Scarllet, prazer te conhecer – estendi a minha mão e a mesma apertou num gesto de cumprimento. – Ansiosa para ver os rapazes? – perguntei sorridente.

- O que você acha? Eu vivo em prol deles, sabe o que é ficar praticamente todo dia acordada até tarde para não perder o momento em que eles irão ficar online? – ela era do tipo de pessoa que falava fazendo gestos com as mãos e era bastante engraçado ver o jeito como ela falava e agia.

- Sim, eu sei muito bem o que você passa – suspirei divertida e ela sorriu.

Não demorou muito e já eram audíveis as gargalhadas que nós duas dávamos na fila, incrível quando você está só o tempo parece parar, mas quando você está acompanhado de alguém divertido que te faz se sentir bem a hora simplesmente voa, quando fomos perceber já estávamos dentro do estádio correndo em disparada para mais perto o possível da grade.

- Meu Deus falta pouco – dei a mão para Alexa que a apertou como quem quer dizer que estava tão ansiosa quanto eu.


Siva's POV

- Tá filmando? – James mais uma vez perguntou para Max que segurava uma filmadora, o mesmo fez um gesto positivo. – Olá, pois bem, ainda estamos no camarim e logo mais entraremos no palco para não só a nossa felicidade, mas a de todo mundo lá fora. - era possível notar o entusiasmo na voz do ser com cachinhos, no fundo nós estávamos aquecendo a voz ao som de Lose My Mind.

- Cinco minutos rapazes – o produtor do evento apareceu na porta nos deixando avisados sobre o tempo que faltava para adentrarmos ao palco, nos abraçamos e falamos palavras de incentivo uns para com os outros.


Scarllet's POV

- Você ouviu falar que o governador vem ver o show dos meninos também? Parece que a filha dele é fã – Alexa elevou a voz em algumas oitavas devido ao barulho das vozes que estavam em nossa volta.

- Pra você ver como os nossos rapazes estão importantes – sorri arregalando os olhos.

Logo as luzes se apagaram e um solo de guitarra se fez presente, era o começo do show, as pessoas gritavam tão alto que eu cheguei a tapar os ouvidos num ato desesperado de “diminuir o volume” das vozes ao meu redor, meu coração neste momento estava batendo mais rápido do que o comum, o guitarrista fez mais um solo e uma pausa dramática se fez presente até que uma voz conhecida por muitos se fez presente:

- Tonight could be forgettable...

A intensidade dos gritos aumentou assim que as luzes se acenderam mostrando ali os cinco rapazes tão esperados por muitos senão todos ali.


Damien's POV

- Ele já chegou e está acompanhado da filha e da esposa, Damien – me avisaram do que eu realmente queria saber.

- Ótimo, vamos deixar o pessoal curtir mais um pouco o show desses... desses, se é que posso chamar de homens – sorri com minha ironia, não só eu, mas como os meus comparsas.

Esperei se passar uns vinte minutos até que não estava aguentando aquelas músicas sobre amor, felicidade, vida perfeita e cheia de borboletas, e encarei os demais que estavam ali comigo.

- Chegou a hora, façam como o combinado – sorri de lado e dez homens se levantaram e saíram em direção a sua missão.

Esperei mais cinco minutos e fiz sinal paras os outros dez saírem, depois de um tempo foi a vez do meu grupo sair e ir em direção ao palco, agora que o verdadeiro show iria começar, aproveitamos o barulho estrondoso que estava e atiramos nos seguranças que estavam guardando o lugar, estava tudo indo mais fácil do que eu imaginava, os dez homens que tinham sido os primeiros a sair fecharam todas as entradas e implantaram explosivos nas mesmas caso alguém tentasse sair, ou entrar. Os outros dez foram em direção ao camarote no qual o governador e sua adorável família se encontravam. Não demorou muito e chegamos ao palco onde os seres cantavam algo nenhum pouco interessante a meu ver, retirei minha faca e cortei a garganta do qual aparentava ser o segurança da banda, subi as escadas do palco e atirei nos equipamentos de som fazendo assim a atenção de todos se voltarem a mim.

Fui andando em direção ao centro do palco com um sorriso descarado no rosto, os cantores estavam me olhando assustados assim como toda a multidão que ali estava, caminhei em direção a um dos caras que estava com microfone na mão.

- Me dá isso ô desprovido de cabelo – tomei violentamente o objeto da mão do rapaz. – Boa noite a todos, estão se divertindo? – sorri ao ver que ninguém me responderia, deviam estar em choque ainda. – Então, só avisando que vocês agora são meus reféns e se caso alguém se atrever a correr vai morrer – falei como se fosse a coisa mais natural do mundo. Olhei para o meu comparsa que estava à minha direita com a arma preparada e apontada para a multidão. – Atira em quem correr.

Claro que a coisa mais óbvia que todo mundo fez foi gritar e logo em seguida aquilo parecia um formigueiro de tanta gente correndo de um lado para o outro, olhei mais uma vez para o lado e fiz sinal positivo, não demorou e os barulhos dos tiros se fizeram presentes no local, aos poucos as pessoas começaram a cair no chão enquanto as outras tentavam se proteger, num movimento rápido retirei minha pistola e apontei para o rosto do que parecia ser o mais jovem do grupo de popstars que estavam ali.

- Se você não quiser morrer eu acho bom você levar a sua bunda para o canto do palco e ficar sossegado lá seu projeto de homem – o encarei sério e o mesmo me encarou assustado por uns segundos e retornou ao seu lugar.

Sinceramente, eu comecei a ficar impaciente, aquela cena era tão clichê para mim, pessoas gritando, correndo, eu me cansei disso. Atirei para cima e dei um grito chamando a atenção de todos de volta a mim.

- Já chega disso, todo mundo ou o que restou de todo mundo fiquem exatamente onde estão – olhei firme para as poucas pessoas que sobraram no local e algumas sujas de sangue, meus olhos fitaram duas meninas loiras de braços dados uma com a outra e chorando compulsivamente, apontei para as mesmas que me olharam e fiz sinal para que se sentassem ao lado da banda.

- Quem é o responsável por isso? – aquela voz, quantos anos eu não esperei por isso.

- Sou eu meu velho amigo – usei toda a minha ironia ao me virar para fitar ilustríssimo governador Charles que estava acompanhado de sua mulher e filha.

- Damien?  – ele me olhou surpreso.

sábado, 27 de outubro de 2012

Out of Sight — It's time to run: mais sobre a história

Informações

Out of Sight — It's time to run escrita por Bianca Barros e Alina Téres

Sinopse: Uma banda. Um show. Duas meninas que se conhecem por acaso. Um governador dos Estados Unidos acompanhando sua filha.
Um sequestrador sedento para resolver seus ressentimentos do passado.
Pessoas completamente diferentes. A única coisa a torná-los iguais era um propósito crucial naquele momento: permanecer vivo.

Classificação: +18
Gêneros: Ação, Drama, Romance
Avisos: Estupro, Linguaguem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

Trailer


Personagens Principais